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Objectivos

 

O projecto de investigação “Regresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa” (REMIGR), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) (PTDC/ATP-DEM/5152/2012), procura compreender a dimensão e as características dos novos movimentos de emigração portuguesa, tendo sobretudo em conta as relações que os novos emigrantes mantêm com o país de origem. No plano empírico, serão considerados apenas os fluxos ocorridos na última década (depois da viragem do século) e aprofundadas duas das suas modalidades mais exemplares, a mobilidade de jovens qualificados (detentores de diploma superior) e a de trabalhadores manuais pouco qualificados, no contexto de alguns países de destino. Será efectuado um levantamento exaustivo dos principais dados estatísticos disponíveis, quer a partir de Portugal, quer dos países de destino, e estudados em profundidade aqueles dois tipos de emigrantes em países que se destacaram como receptores nos últimos anos. Os destinos escolhidos foram França e Reino Unido, na União Europeia, e Angola e Brasil, fora da Europa.

 

No plano teórico, a principal questão de investigação é conhecer as relações que os novos emigrantes estabelecem com Portugal. Esta questão é particularmente relevante face às novas características dos fluxos e ao novo contexto envolvente. Por um lado, em relação à emigração do passado, os novos fluxos envolvem indivíduos mais qualificados, que se deslocam em modalidades mais temporárias e circulatórias. Por outro lado, o contexto mudou nas suas dimensões tecnológicas (maior facilidade de transporte e comunicação), económicas (maior desregulação dos mercados de trabalho) e políticas (maior facilidade de circulação na União Europeia). Neste âmbito, serão sobretudo questionadas as ligações demográficas (impactos sobre o crescimento e estrutura demográfica do país) e económicas (remessas e outras ligações financeiras).

 

Mais em pormenor, o projecto procura avaliar a dinâmica e dimensão dos fluxos, ao longo do tempo e por países; as características sociodemográficas dos emigrantes; as suas principais motivações (factores repulsivos ou atractivos?, factores do lado da procura ou da oferta?, factores individuais ou familiares?); os percursos e estratégias migratórias (migrações temporárias ou de longa duração?, migração isolada ou familiar?); a natureza dos contactos com Portugal (viagens, contactos familiares, dupla residência, dupla actividade, remessas, investimentos…); e os planos futuros (retorno, transnacionalismo ou integração no destino). O conhecimento da natureza temporária ou duradoura dos movimentos, bem como dos laços estabelecidos com Portugal, permitirá avaliar se os novos emigrantes são extensões temporárias do país para o exterior das suas fronteiras, ou marcas de uma reconfiguração e mudança social profundas.

 

Entre as principais questões a esclarecer neste projecto encontra-se o caminho a seguir após a actual encruzilhada que Portugal atravessa. Serão os novos movimentos de emigração fortemente dependentes da conjuntura, vindo a desacelerar após a recuperação económica do país, cedendo então a um novo predomínio da imigração? Serão um movimento de novo tipo, criando novas formas de transnacionalismo, a partir do qual a existência de duplas residências e de duplas actividades não coloca em causa as lealdades e interesses económicos no país? Ou serão um indicador da perda de espessura da sociedade portuguesa, que pode vir a perder muitas das suas elites e força de trabalho, acentuando o seu estatuto periférico na Europa?

 

 

 

 

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